ANADIC: nesta associação mora a esperança dos moradores do Bairro do Rego

1 de Julho, 2022
idosos reunidos à volta de pessoa que toca guitarra

Associação auxilia todo o tipo de públicos, em todo o tipo de necessidades. Em 2019, a ANADIC juntou-se à rede de radares comunitários do projeto RADAR.

O Bairro do Rego é feito de todas as idades. De um lado, um grupo de seis crianças joga um futebol improvisado no exterior do prédio. Do outro, três seniores comentam a meteorologia, que, entre o sol e a chuva, “tem andado um pouco louca”. Este bairro faz-se das cores da felicidade, que estão estampadas nos muros junto à Associação Nacional de Apoio ao Desenvolvimento, Investigação e Comunidade (ANADIC). Amarelo, azul e vermelho, cores vivas e alegres, cobrem o teto de um dos prédios do Bairro do Rego, na freguesia das Avenidas Novas. São cores ajustadas à missão da ANADIC, que, todos os dias, tem o poder de fazer alguém feliz.

Fátima Melo

Uma fila de carros separa os dois polos da ANADIC. Fátima Melo, coordenadora de projetos sociais da ANADIC, viaja entre eles. No polo que, em breve, estará à disposição do público, vai auscultando os progressos das obras. No outro, que serve de sede da ANADIC, Fátima verifica se a sessão de musicoterapia com seniores já começou. Esta é uma das várias atividades que a associação promove e que, por norma, junta idosos e crianças no mesmo espaço. Seja através da música, do projeto Bairro Seguro ou até da jardinagem, a ANADIC desenvolve sessões intergeracionais, onde “há a oportunidade de as crianças valorizarem os saberes dos mais velhos, mas também dos mais velhos valorizarem as crianças”, explica Fátima Melo.

Fundada em 2015, a ANADIC tem como objetivo promover a inclusão social de crianças, jovens e famílias em risco de exclusão social. Todos os dias, a associação trabalha para desenvolver projetos sociais que aumentem a capacitação das comunidades de forma a gerar percursos de vida mais positivos. É esta missão que move a associação.

Com as crianças, a grande inquietação passa pelo combate ao abandono e ao insucesso escolar, “que, neste bairro, é uma preocupação muito grande”. Com os seniores, Fátima Melo salienta que o propósito é promover o envelhecimento ativo e o combate ao isolamento.

“Este são os nossos objetivos. Nós temos aqui pessoas muito diferentes, desde pessoas analfabetas até pessoas que já dominam as ferramentas digitais. Temos promovido junto dos idosos uma certa literacia digital, que lhes permita aprender a utilizar dispositivos tecnológicos”, explica a coordenadora.

A ANADIC é, muitas vezes, o porto seguro dos moradores do Bairro do Rego ou a família que já não têm. O gabinete de apoio à comunidade da associação não raras vezes é o local onde os idosos encontram um pouco de companhia, alguém que queira conversar e que os ajude a resolver as burocracias do dia a dia, desde a marcação de uma consulta no médico ao acompanhamento ao hospital.

“Algumas destas pessoas não têm mais ninguém que as possa acompanhar. Algumas não sabem ler nem escrever, e nós auxiliamos nesse sentido de as acompanhar nas necessidades que têm. Este é um bairro com muita gente sénior”, realça Fátima Belo, apontando que a pandemia agravou o isolamento de algumas pessoas, provocando alterações ao nível cognitivo.

Com a associação ao projeto RADAR, em 2019, a ANADIC começou a contar com mais um apoio no acompanhamento diário da população 65+. Este trabalho de proximidade permite que a ANADIC seja interlocutora entre as pessoas e as instituições, sinalizando situações de vulnerabilidade, isolamento social e solidão não desejada. É o trabalho de equipa feito com o RADAR, a PSP e a Junta de Freguesia de Avenidas Novas que permite à ANADIC dar uma resposta célere e adequada às necessidades das pessoas.

“As pessoas que sinalizamos é muito devido ao contacto que estabelecemos com elas. Em alguns casos, temos tido o feedback destas pessoas que acompanhamos sobre o apoio prestado pelo RADAR. É muito positivo, porque as pessoas agradecem a atenção que a equipa RADAR lhes dá. Elas sentem que têm mais um apoio, mais pessoas interessadas em cuidar delas”, destaca Fátima Melo.