Farmácia da Luz, uma porta sempre aberta na freguesia de São Domingos de Benfica
Conhecem a realidade que os rodeia, as pessoas e as suas dificuldades e anseios. São mais que uma farmácia, são um espaço de e para o bairro.
É numa das maiores artérias da cidade de Lisboa, na freguesia de São Domingos de Benfica, entre o aglomerado de prédios e a tranquilidade do Parque Bensaúde, na Estrada da Luz, que encontramos a Farmácia da Luz. Já lá vão mais de 40 anos de estabelecimento aberto ao público. Ao longo da sua já longa história de vida a farmácia foi adaptando-se e renovando-se ao longo dos tempos, mas existe algo que nunca mudou desde o primeiro dia que abriu a porta: “Nesta casa ninguém fica sem resposta”, como relata a farmacêutica Ana Teresa Manito, responsável pela farmácia há já 14 anos.
Quem chega à Farmácia da Luz rapidamente percebe que este é um estabelecimento fulcral do bairro. Com acesso ao seu interior por duas ruas distintas, a azáfama é constante. No seu interior, uma equipa de vários farmacêuticos desdobra-se em trabalhos, seja entre a entrega de medicamentos, explicações das receitas médicas que alguns utentes não conseguem perceber, ou ainda em conversas de ocasião que mostram as relações de confiança que aqui existem.
“Nós estamos aqui para servir a comunidade e não somos apenas farmacêuticos, somos também psicólogos, enfermeiros ou médicos. As pessoas procuram-nos para muitas questões. Existem até alguns clientes nossos que aproveitam a situação de termos duas portas para o exterior, para não terem de ir dar a volta inteira ao quarteirão, passam por aqui e ficam sempre um bocadinho à conversa connosco”, explica a farmacêutica. Para Ana Manito as farmácias devem ser um espaço social e de saúde, onde o “foco deve ser o bem-estar, seja de saúde ou social, da nossa comunidade”.
Um dos principais focos de trabalho da farmácia é a população mais velha do bairro. “Estamos num local de Lisboa muito envelhecido, com uma população idosa bastante fragilizada, onde os efeitos do isolamento social, devido à pandemia de COVID-19, causaram impacto” conta a farmacêutica, no entanto, Ana Manito acredita que “com o passar do tempo as coisas estão a ficar melhor”.
A parceria com o projeto RADAR surgiu em 2021, em que numa visita dos mediadores do RADAR, foram desafiados a integrar a plataforma do projeto como RADAR Comunitário. “Foi um processo normal e natural, até porque tínhamos a certeza que havia pessoas, que já conhecíamos, que iriam beneficiar desta parceria”, relata Ana Manito, frisando ainda que desde que são RADAR Comunitário “já identificámos várias pessoas em situação de vulnerabilidade social e económica”.
“Com esta parceria com o RADAR começámos a ficar ainda mais alerta para eventuais necessidades das pessoas. A equipa do projeto está sempre disponível”, confessa a farmacêutica, alertando que, ainda assim, “existe ainda um longo trabalho a ser desenvolvido para apoiar esta faixa da população”.
Mais do que sinalizar situações de risco, os radares comunitários ajudam a equipa do RADAR a fazer um levantamento da população, fornecendo mais informações sobre as pessoas identificadas. Para Ana Manito, o sucesso do RADAR deve-se, sobretudo, “a uma equipa dedicada e a um trabalho partilhado entre todos”.